No dia 16 de Abril, a Tribuna de Minas veiculou a notícia que tanto nos chocou. Uma adolescente de 17 anos, estudante da UFJF, havia sido ESTUPRADA durante uma festa realizada no sábado (14), no Instituto de Artes e Design (IAD).
No mesmo dia a UFJF lançou uma nota lamentando o fato e se
eximindo da culpa, já que a festa não teria sido organizada pela instituição e,
sim pelos alunos.
Dois fatores nos saltam aos olhos diante deste caso.
Primeiro, apesar da UFJF anunciar que investiu quase 10 milhões de reais em
segurança nos últimos 4 anos, o sistema de vigilância não funcionou nem para
prevenir o crime, e até o momento nem para identificar o(s) criminoso(s). Ainda
por cima, demonstrando lentidão para investigar o caso, a Universidade demorou
uma semana para abrir uma comissão de sindicância.
O segundo, e mais marcante, é que não estamos falando de um
simples crime, mas sim de uma violência contra a mulher. Um tipo de violência
que durante muito tempo foi considerada natural, devido à visão da mulher como
um ser inferior e submisso ao homem.
Casos como estes demonstram que por mais que tenhamos
caminhado no sentido de superar o machismo, ele ainda se faz presente em nossa
sociedade da pior maneira possível. O abuso sexual contra mulheres mostra que o
corpo da menina/mulher ainda é visto como um objeto por parte de determinados
homens, objeto que pode ser tomado e usado mesmo sem consentimento.
O machismo se faz tão presente na nossa comunidade acadêmica
que desde o ocorrido até hoje surgiram milhares de versões. Versões que em sua grande
maioria tem a intenção clara de deslegitimar a denúncia da menina, ou pior
culpá-la pelo o que aconteceu. No pensamento machista uma menina de 17 anos
embriagada é como se estivesse “pedindo” para ser estuprada.
Entre as várias tentativas de negar a existência do machismo,
de negar a violência contra a mulher, surgem também apologias ao crime, como comemorações
pela retirada da virgindade da menina. Por outro lado, também surgem os
primeiros atos promovidos pelo movimento estudantil que visam não apenas
denunciar a violência contra a mulher, mas debater o machismo na Universidade.
Desta forma, continuaremos lutando para que o direito das
mulheres à liberdade seja posto em prática no nosso cotidiano. Assim, nos
mobilizaremos para que a reitoria tome atitudes que vão além do aumento da
segurança na Universidade, pois sem a educação da sociedade para os direitos da
mulher, não haverá câmera ou sensor de raio laser que impeçam que casos de
violência contra mulheres se repitam.
Camila Martins
Laiz Perrut
Renata Fernandes